O carcinoma da tiroide (cancro da tiroide) é um tumor maligno relativamente raro, que afeta sobretudo o sexo feminino.
A tiroide é um pequeno órgão localizado na região inferior da face anterior do pescoço, que tem a forma de uma borboleta, com duas porções – os lobos direito e esquerdo – ligados por uma ponte (o istmo). É uma glândula endócrina, que produz várias hormonas, sendo as mais importantes a Tiroxina (T4) e a Triiodotironina (T3) – que participam na regulação do metabolismo, intervêm no crescimento e desenvolvimento corporal e na regulação da temperatura - e a Calcitonina – que intervém no metabolismo do cálcio.
A tiroide contém dois tipos de células endócrinas: células foliculares produtoras de hormonas T4 e T3 e células C produtoras de calcitonina.
O cancro da tiroide afeta cerca de 4 vezes mais as mulheres do que os homens.
Incidência
Apesar da grande maioria dos nódulos da tiroide serem benignos, surgem anualmente, em Portugal, cerca de 400 novos casos de cancro da tiroide. Embora representando apenas 1% de todas as patologias oncológicas registadas no nosso país, a sua incidência tem, à semelhança do que se passa em outros países desenvolvidos, vindo a aumentar.
O cancro da tiroide afeta cerca de 4 vezes mais as mulheres do que os homens. O cancro da tiroide é mais frequente nas pessoas que receberam algum tipo de radiação ao nível da cabeça, pescoço e tórax havendo, contudo, tratamentos eficazes para os nódulos malignos. O prognóstico para os carcinomas papilar e folicular é de 95% de sobrevivência, após dez anos.
Sintomas do Cancro da Tiroide
O primeiro sinal de cancro da tiroide é, normalmente, uma saliência indolor no pescoço. Os nódulos malignos apresentam normalmente um crescimento progressivo, rouquidão, endurecimento e presença de gânglios aumentados no pescoço. O diagnóstico é realizado por meio de uma citologia aspirativa, sendo sempre necessária a confirmação através da análise microscópica (histológica) do nódulo, após a cirurgia.
Tipos de Carcinoma da Tiroide
Os carcinomas primários da tiroide são classificados considerando a localização original da lesão: a nível das células foliculares ou das células C.
A maioria dos carcinomas da tiroide tem origem nas células foliculares e são:
- Carcinoma papilar – é o tipo mais comum de cancro da tiroide. O carcinoma papilar tem maior incidência entre os 30 e os 50 anos de idade. Representa entre 60% a 70% do total das formas de cancro da tiroide.
- Carcinoma folicular – Este tipo de cancro da tiroide tem maior incidência em idades acima dos 40 anos. É responsável por 15% de todas as formas de cancro da tiroide.
Dos doentes com carcinoma papilar e folicular, 95% sobrevivem à doença.
- Carcinoma anaplásico – Representa entre 5% a 10% dos cancros da tiroide, afetando sobretudo pessoas acima dos 60 anos (revela alguma predominância nas mulheres). O seu crescimento é rápido e pode provocar uma grande tumefação ao nível do pescoço – trata-se provavelmente do tumor com maior agressividade. O carcinoma anaplásico é fatal – a sobrevida média situa-se entre os 3 e 7 meses. As armas terapêuticas disponíveis são escassas e ineficazes.
Os carcinomas da tiroide que têm origem nas células parafoliculares ou células C são:
- Carcinoma medular – é um tipo de cancro raro. Este tipo de cancro tende a difundir-se pelo sistema linfático e a metastizar. Representa cerca de 5% de todos os tumores da tiroide e apresenta uma elevada taxa de mortalidade. A maioria dos casos de carcinoma medular ocorre de forma esporádica. Contudo, há a evidência de uma ligeira predisposição hereditária para o desenvolvimento do mesmo, pelo que se aconselha estudo genético dos familiares de primeiro grau.
Há ainda a considerar a doença linfoproliferativa da tiroide, ou seja, o linfoma tiroideu, responsável por 5% de todas as neoplasias da tiroide.
Tratamento do Cancro da Tiroide
Carcinomas papilar e folicular – O tratamento dos carcinomas mais comuns da tiroide compreende três vertentes:
- Cirurgia – O diagnóstico de um carcinoma da tiroide exige a remoção da totalidade da tiroide (tiroidectomia total). A cirurgia pode envolver os gânglios do pescoço, caso estes estejam afetados.
- Iodo radioativo (IODO-131) – É uma forma de radioterapia que atinge seletivamente, com iodo radioativo, os tumores malignos derivados das células foliculares (carcinomas papilar, folicular e pouco diferenciado), poupando a generalidade dos tecidos dos órgãos não afetados pela doença.
- Hormona da Tiroide – Em muitos casos a tiroxina deverá ser administrada numa dosagem que permita a supressão da produção de Hormona Estimulante da Tiroide (TSH) pela hipófise – uma vez no organismo, a TSH estimula a multiplicação de eventuais células malignas que tenham resistido à cirurgia.
Carcinoma anaplásico – No caso do carcinoma anaplásico pode ser feita cirurgia e radioterapia, mas apenas com intuito paliativo. Nenhuma das abordagens terapêuticas consegue erradicar a doença. O intuito da abordagem é paliativo, visando o alívio dos sintomas.
Carcinoma Medular - O tratamento do carcinoma medular obriga a uma abordagem cirúrgica para remoção total da tiroide e eventual esvaziamento da zona cervical. No cancro medular os restantes tratamentos são ineficazes.
Artigo revisto e validado pela especialista em Medicina Geral e Familiar Isabel Braizinha.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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