A pancreatite aguda é uma inflamação do pâncreas, de aparecimento súbito, que pode ser ligeira ou grave levando por vezes à morte.
O pâncreas é um órgão do aparelho digestivo localizado atrás do estômago, que desempenha duas funções fundamentais:
- Secreção de enzimas digestivas (participam na digestão de proteínas, hidratos de carbono e lípidos – gorduras).
- Secreção e libertação de duas hormonas – insulina e glucagon – para o sangue. Estas hormonas são fundamentais na regulação dos níveis de açúcar no sangue.
A pancreatite surge quando as enzimas do pâncreas – normalmente utilizadas na digestão dos alimentos- são libertadas dentro do pâncreas, iniciando um processo de digestão e decomposição do órgão.
Normalmente, o pâncreas segrega suco pancreático para o duodeno através do canal pancreático. A obstrução do canal pancreático (por exemplo, por um cálculo biliar encravado no esfíncter de Oddi) interrompe o fluxo do suco pancreático. Se a obstrução persistir (normalmente resolve-se), as enzimas ativadas acumulam-se no pâncreas e começam a digerir as próprias células pancreáticas, provocando uma grave inflamação.
A lesão pancreática pode permitir às enzimas saírem para o exterior e penetrar na corrente sanguínea ou na cavidade abdominal. Podem provocar irritação e inflamação do revestimento da cavidade (peritonite) ou de outros órgãos.
A pancreatite pode ser:
Aguda – de aparecimento súbito e geralmente de curta duração podendo ter vários níveis de gravidade.
Crónica – quando a inflamação persiste durante anos, com vários surtos.
A pancreatite pode afetar a função de vários órgãos nos casos graves de falência multiorgânica, tais como o coração (levando à hipotensão e falência cardíaca), rim (provocando insuficiência renal), ou pulmão (insuficiência respiratória).
A porção do pâncreas que produz hormonas, especialmente a insulina, não costuma ser afetada nem lesionada.
Causas de Pancreatite
Pancreatite Aguda:
Apesar de, em cerca de 15% dos casos se desconhecerem as causas da pancreatite aguda, a patologia aparece, normalmente, associada a:
- Cálculos biliares – (pedras) na vesícula e vias biliares.
- Ingestão acentuada de bebidas alcoólicas.
- Infeções.
- Traumatismos.
- Medicamentos.
- Doenças metabólicas como diabetes.
- Acumulação de líquido intra-abdominal (ascite).
- Formação de quistos, abcessos ou tumores do pâncreas.
- Cirurgias abdominais.
Pancreatite Crónica:
- Mais de 70 % dos casos deve-se a excesso de ingestão alcoólica.
- Doenças Metabólicas.
- Formas familiares (Pancreatite hereditária).
Sintomas de Pancreatite
Pancreatite Aguda:
- Caracteriza-se por dor intensa na região superior do abdómen que irradia para o dorso (como se fosse uma queimadura em volta da cintura) e que agrava após a ingestão de alimentos, sobretudo gorduras.
- Náuseas e vómitos.
- Febre e sudação.
- Aumento da frequência cardíaca (taquicardia).
- Icterícia (coloração amarelada dos olhos e da pele).
Pancreatite Crónica:
Os sintomas são semelhantes aos da pancreatite aguda:
- Dor constante e intensa na parte superior do abdómen.
- Emagrecimento (resultante dos alimentos não serem bem digeridos).
- Diabetes (devido à destruição das células produtoras de insulina).
Tratamento de Pancreatite
A presença de dor abdominal com irradiação para o dorso, associada a história clínica de cálculos biliares e ingestão alcoólica e existência de elevados níveis de enzimas pancreáticas, conduz ao diagnóstico de pancreatite.
A pancreatite pode ser diagnosticada através de exames como:
- Ecografia abdominal.
- Tomografia Axial computorizada (TAC).
- Colangiopancreatografia Retrógada Endoscópica (CPRE) – exame que permite a visualização dos canais biliares e pancreáticos, serve também como técnica de tratamento na obstrução dos canais.
- Ecoendoscopia – permite a visualização do pâncreas através do estômago.
O tratamento da pancreatite visa colocar o pâncreas em repouso, de forma a travar a inflamação, através de:
– Administração de soros e analgésicos.
– Interdição de ingestão de alimentos durante alguns dias (podendo ser necessário colocar uma sonda no estômago).
– 20% dos casos pode necessitar de internamento nos Cuidados Intensivos.
– Mais de 80% dos doentes recuperam sem sequelas, contudo, alguns casos são mortais.
– Cirurgia à vesícula (Colecistectomia laparoscópica) para tratar a causa.
– A pancreatite crónica exige abstinência da ingestão de álcool.
– Podem ser necessários analgésicos para combater a dor.
– Alguns casos necessitam de cirurgia pancreática.
– Pode ser igualmente necessário administrar enzimas pancreáticas às refeições e administrar insulina no caso da presença de diabetes.
Conteúdo revisto
pelo Conselho Científico da AdvanceCare.
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